terça-feira, 31 de julho de 2012

Dois Homens Horríveis...

Ou nem tanto...

Essa pérola eu precisava colocar no Gabinete de qualquer jeito!

Enviado para mim pelo meu amigo e colega Fabiano Denardin, o "vídeo" (sim, entre aspas, porque tem só o som) mostra dois grandes monstros  clássicos, Bela Lugosi e Boris Karloff cantando We're Horrible Men.

Eles não eram homens horríveis, mas cantores horríveis! Ainda bem que a dupla não pensou em seguir a carreira musical...











Clique aqui para ouvir Bela e Boris cantando (por sua própria conta e risco...)


terça-feira, 24 de julho de 2012

Deus Salve a Rainha!

Apesar da recente comemoração dos 60 anos do reinado de sua majestade Elizabeth II, esta postagem não fala exatamente sobre a matriarca da família real inglesa.

Recentemente pude dar um pouco mais de atenção à séries e minisséries de origem inglesa. Claro que eu já gostava de diversas séries britânicas antes, sem falar nos inúmeros atores e atrizes fantásticos (que depois de algum tempo eram “descobertos” por Hollywood). O que sempre me chamou a atenção era o fato do filme (ou série, ou minissérie etc.) ser legal, bem escrito, bem dirigido, com bons atores etc.

E, também não era exatamente surpresa que atores britânicos se destacassem em suas atuações. Alguns dos meus atores clássicos favoritos, como Christopher Lee, Boris Karloff e Peter Cushing, são ingleses. Sem mencionar nomes atuais como Bill Nighy, Mark Strong, Simon Pegg, Andy Serkis, James Purefoy, David Tennant e James McAvoy (esses dois últimos escoceses, só para deixar claro e evitar qualquer problema regional).

Mesmo assim, foram duas séries que me chamaram a atenção e abriram caminho... ou melhor, me abriram os olhos para a existência de não apenas de bons filmes e atores, mas de geniais séries para a televisão: Doctor Who e Life on Mars. 



Um Senhor do Tempo


A primeira, Doctor Who, é a mais clássica e importante série para a Ficção Científica do cenário europeu, uma das mais extensas séries da história da televisão, que é citada como influência de alguns dos escritores que eu mais adoro, como Neil Gaiman, Alan Moore, Terry Pratchett, Michael Moorcock, Warren Ellis e Kim Newman (pra citar só alguns).

Doctor Who foi pioneira em vários aspectos, principalmente na utilização de roteiros inteligentes e sacadas geniais para explicar a trama (e as picaretagens da produção). Tudo gira em torno das aventuras do Doutor (apenas “o Doutor”), um alienígena viajante no tempo, que arrebanha diversos companheiros e visita vários momentos da História da Terra e de diversos outros planetas. Com a proposta inicial de ser uma série de ficção que poderia ter partes didáticas (já que eles mostrariam personagens históricos), a série foi lançada em 1963 pela BBC e se tornou um sucesso monstruoso, continuando com temporadas anuais até 1989 (com uma tentativa de revitalização com um longa-metragem em 1996).

Infelizmente, essa fase de Doctor Who nunca foi exibida no Brasil.

Em 2005, o produtor Russell T. Davis conseguiu trazer de volta a série, atualizada e com um ator conceituado (o excelente Christopher Eccleston) para o papel do Doutor. A aposta da BBC em recuperar uma de suas séries mais icônicas deu certo, e Doctor Who ganhou sua segunda temporada, agora com o carismático David Tennant no papel principal.

“Mas como assim, Saladino? Fica mudando o ator que faz esse tal de Doutor o tempo todo?” , me perguntará o leitor aturdido. Curiosamente... sim! No final da temporada de 1966, William Hartnell, que interpretava o Doutor, expressou o desejo de deixar a série. O produtor, que não queria acabar com o seriado, veio com a idea de que como o Doutor era um alienígena, ele tinha a capacidade de regenerar quando estava prestes a morrer, literalmente se tornou outra pessoa para evitar a morte. Assim, o seriado poderia continuar, com outro ator no papel de Doutor. Até hoje, onze atores viveram o alienígena, que seria o último dos Senhores do Tempo, sendo que um dos mais icônicos foi Tom Baker.
Tom Baker, o mais icônico Doutor.
Até já apareceu nos Simpsons.

Então, com a revitalização da série, comecei a acompanhar uma das melhores coisas de FC que já foi feita para a televisão. O produtor atual, Davis, conseguiu equilibrar muito bem o estilo camp da série e o tom atualizado e até pesado em certos momentos. Pessoas morrem em Doctor Who, coisas ruins acontecem, os personagens são complicados e vivos, e mesmo os alienígenas mostram personalidades incrivelmente humanas. Um dos temas mais complicados e arriscados de se lidar na ficção, a viagem no tempo, é abordado de forma magistral, em alguns roteiros que dão banho em muitos filmes.

Doctor Who arrebanhou uma enormidade de novos fãs, ganhou novas e novas temporadas e passou de suas fronteiras, chegando a entrar no restrito mercado norte-americano... e fazendo sucesso por lá! E, para minha surpresa, até mesmo aqui no Brasil temos Doutor Who passando em canal aberto, diariamente (exceto finais de semana), na TV Cultura!

Poucos meses atrás (em 16 de junho), tivemos em São Paulo a primeira convenção de fãs de Doctor Who, a Gallifreycon. E mesmo sendo um evento tremendamente específico, foi muito bom ver uma enorme quantidade de espectadores e fãs novos, muitos deles crianças, que graças a série se interessaram por ficção científica, literatura e assuntos mais diversos, como Física, História e etc.

Doctor Who é uma série incrível, e vai ter uma postagem só pra ela, acreditem. Ela foi a primeira a me chamar a atenção por sua qualidade impressionante.

Sam Tyler (ou John Simm), um policial
literalmente a frente de seu tempo

E um cara (mais ou menos) perdido no tempo


A outra série que me pegou pelo queixo e me surpreendeu totalmente com apenas um episódio (fora de ordem, visto acidentalmente), foi Life on Mars, não acidentalmente, também da BBC.

Inicialmente, eu achava (em minha total e preconceituosa ignorância) que Life on Mars era mais uma série cabeçuda, de premissa esquisita, personagens estranhos e atores que eu nunca tinha visto antes. E para o meu espanto, quando vi acidentalmente um episódio (e resolvi terminar de ver para saber como acabava), percebi que Life on Mars era cabeçuda, de premissa esquisita, personagens estranhos e atores que eu nunca tinha visto antes... mas que isso tudo era muito, MUITO bom!

Sam Tyler, um policial londrino, ao investigar um crime, sofre um acidente, é atingido por um carro e, sem maiores explicações, acorda em 1973, com seu carro tocando (em fita cassete) a música Life on Mars, de David Bowie. Tyler não percebe que a música dá uma dica do que ele vai passar, pois os documentos no carro indicam que ele continua sendo um policial, mas os costumes e metodologia são tão diferentes e alienígenas, que parece que Sam está em outro planeta.

Misturando ficção com policial, a série mostra Sam Tyler (interpretado magistralmente por John Simm) entrando em conflito com os costumes e práticas da época, onde testemunhas são intimidades (pelos policiais!), onde o conceito de assédio sexual não existe e a prática de mexer com as colegas de trabalho era comum e socialmente aceita. Os policiais que trabalham com o Sam beiram ser considerados vilões e canalhas, mas são tão bem escritos e interpretados, que conseguem gerar uma enorme simpatia com espectador. 

Gene Hunt. Você não
queria ele como seu chefe...
Um destaque especial fica para o superior de Sam, Gene Hunt (interpretado por Phillip Glenister) um policial que deveria ter sua foto do lado do verbete “politicamente incorreto” no dicionário. É incrível como um policial violento, corrupto, preconceituoso e autoritário pode acabar se tornando um dos personagens mais legais que apareceram na televisão nos últimos anos. Gene odeia o Sam Tyler, mas também acaba ganhando o seu respeito em certo ponto da série e muda o seu jeito de ser graças ao que ele vê no novato. Glenister arrasou na interpretação, tanto que seu personagem reaparece em Ashes to Ashes, a continuação da série, com uma história similar, só que nos anos 1980.

No decorrer da série, se intensifica a dúvida se Sam realmente voltou ao passado (e como isso aconteceu) ou se ele está em coma e tudo não passa de uma alucinação pra lá de complicada. Durante os crimes que Sam precisa resolver, ou ajudar a resolver, ele ouve frases que seriam de 2006 e vê coisas que não entende. Destoando completamente do estilo e visual realista da série, esses elementos pegam o espectador de surpresa e deixam ainda mais a sensação de tem algo muito errado com Sam Tyler.

A reconstituição do período é um capítulo à parte. Para nós brasileiros, chegou muito pouca coisa da Londres da década de 1970, sendo que nós fomos mais influenciados pelas tendências norte-americanas. Na série, é fascinante ver como era a vida do povo londrino. O povo mesmo, a maioria, e não apenas uma ou outra referência de alguma celebridade. Documentários raramente conseguem ser tão fiel ao espírito dos anos 1970 quanto Life on Mars.

Novamente abordando um tema complicado e que tem uma enorme facilidade de ficar muito ruim (viagem no tempo), a série não menospreza sua audiência, se desenvolve em roteiros inteligentíssimos e primorosamente bem escritos. As atuações, até mesmo dos personagens mais secundários, são inspiradas e dignas de todos os elogios possíveis. Em minha opinião, Life on Mars é uma das melhores coisas que já passou na televisão nos últimos tempos.

E o melhor é que...

Essas duas séries estão disponíveis para o público brasileiro! Doctor Who está passando na TV Cultura diariamente, e além disso, a box com a primeira temporada chegou as lojas pouco antes da Gallifreycon, e pode ser encontrada sem muita dificuldade. As duas temporadas de Life on Mars também estão disponíveis (em DVD e Blu-Ray), num preço bem razoável (na maioria das vezes). As duas séries foram trazidas pela Log On, distribuidora que também é responsável pelas versões nacionais de inúmeras séries e documentários da BBC.
O box nacional da primeira temporada
de Doctor Who, com Eccleston.
A primeira temporada de
Life on Mars, em DVD nacional















São duas séries incríveis que me mostraram que existem muitas outras por aí, esperando serem descobertas e devidamente apreciadas. Nas postagens seguintes, devo comentar algumas outras séries, verdadeiras pérolas inglesas, que eu tive a chance de ver e minhas impressões a respeito delas.

Por enquanto é só, e eu vou ali tomar um chá e depois volto com mais uma postagem quase britânica.