quinta-feira, 11 de junho de 2015

O Último Grande Monstro

Hoje foi anunciada a morte de Christopher Lee, que aconteceu no dia 7 de junho, devido a problemas respiratórios e no coração.
Lee como o Monstro de Frankenstein

O lendário ator, que para muita gente era o Saruman da série O Senhor dos Anéis e o conde Dookan de Guerra nas Estrelas (na trilogia mais recente), teve uma carreira cinematográfica imensa, participando de mais de 280 filmes, na maioria deles, como o vilão da história.
Na segunda metade da década de 50, Lee foi chamado pela Hammer, uma produtora britânica que queria fazer novas versões dos monstros clássicos do terror que tinham feito um enorme sucesso no cinema trinta anos antes, nos filmes da Universal, o grande estúdio cinematográfico de Hollywood.  Para esse “reboot” dos monstros clássicos, a Hammer contratou o jovem e promissor ator de teatro Christopher Lee, que tinha a altura certa para interpretar... o monstro de Frankenstein em A Maldição de Frankenstein (The Curse de Frankenstein, 1957).
Drácula
(nem precisava dizer, né?)

No ano seguinte, Lee faria o papel mais famoso de sua carreira: o Conde Drácula.
Sua interpretação ficaria tão marcada, que por décadas era a mais icônica da cultura popular. Até hoje, para a maioria, quando se fala “Conde Drácula”, a imagem que vem a cabeça é a de Christopher Lee nos filmes da Hammer. Lee emprestou seu rosto e seu olhar aterrador para o conde vampiro em dez filmes (sendo que inicialmente só queria fazer um), onde a história de Drácula foi contada de recontada de formas que Bram Stoker jamais imaginou. A fidelidade com o original nem sempre era a consideração principal dos filmes, mas isso pouco importava para o público, porque Lee estava lá, e ele era o Drácula, não importando o roteiro, então o filme era bom!

O ator que era o vampiro mais famoso dos anos 1950, 1960 e 1970 também interpretou outros monstros (além da criação do doutor Frankenstein); foi a múmia Kharis em A Múmia (The Mummy, 1959), Doutor Jekyll e Senhor Hyde em O Soro Maldito (I, Monster , 1971), o próprio diabo em Katarsis (1963), o assustador Fu Manchu (em quatro filmes) e monge louco Rasputin em Rasputin, o Monge Louco (Rasputin, The Mad Monk, 1966).
Scaramanga, botando medo em James Bond

E também era formidável quando o assunto era vilões mais humanos. Sua atuação como Scaramanga, o antagonista de James Bond em 007 contra o Homem da Pistola de Ouro (The Man with a Golden Gun, 1974) o colocou entre os melhores vilões de 007.

Lee conseguia passar do aristocrata elegante e refinado para o monstro desumano e cruel com uma facilidade impressionante. Apesar de ser facilmente reconhecido, seja pelo seu porte assustador, sua voz grave e profunda ou seu olhar furioso, cada um de seus vilões era diferente e marcante. Por esse motivo ele consegue ser lembrado por muitos como Scaramanga, como Conde Dookan e Saruman, personagens completamente diferentes, mas que agora não conseguimos imaginar com outro ator.
Fu Manchu

Mesmo interpretando monstros, Lee era uma pessoa completamente diferente dos seus papéis. De família nobre (sua mãe era condessa, o que tornava Lee, tecnicamente, um conde), teve uma educação completa de um cavaleiro que se preze. Documentos atestam que ele é um descendente (distante) de Carlos Magno e, durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como agente secreto da Inglaterra, sendo condecorado várias vezes por serviços prestados à Coroa.
Rasputin

O grande monstro, o conde Drácula do cinema, era também um homem de artes. Adorava literatura (chegou a conhecer J. R. R. Tolkien pessoalmente), teatro, pintura, escultura, música e tinha jardinagem como seu hobby preferido. Na música, era um fã de heavy metal e chegou a gravar quatro discos!

Nunca parou de trabalhar. Sempre atuando, sempre engrandecendo filmes (que nem sempre eram tão bons assim) com sua presença. Olhava e tratava com um carinho enorme seus fãs, fossem dos filmes de terror antigos, fossem da nova trilogia de Guerra nas Estrelas.
Lee foi um dos maiores monstros do cinema, mas na vida real foi uma das pessoas mais incríveis e inesquecíveis que já existiu. 

O mundo hoje perdeu seu maior vampiro. E todos estão tristes por isso.
Lee e Vincent Price, entre filmagens.
Gosto de lembrar dos dois assim.

Um comentário:

  1. Uma vida de intensidade invejável! Além disso tudo, ainda teve banda de heavy metal.

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