quarta-feira, 11 de maio de 2011

OOK! ou O excelso cavalheiro da Ordem da Grande A’Tuin

Muitos escritores gostam de dizer que almejam um dia ter a mesma habilidade com as palavras de Stephen King, ou de Neil Gaiman, ou Machado de Assis, ou até mesmo de Shakespeare. Eu gostaria de, um dia, escrever tão bem como Terry Pratchett.

Sir Prachett
foto de sua página oficial.
Para quem não conhece, Pratchett é um inglês que começou sua carreira em 1971, e ao longo desses quarenta anos escreveu uma quantidade insana de livros, em grande parte de fantasia, ficção e humor. Normalmente, misturando esses estilos em histórias estranhas, insólitas e engraçadíssimas. Ele consegue fazer um humor tão rápido e inesperado, que muitas vezes é difícil ler um de seus livros sem ter que parar a leitura para rir ou tomar fôlego entre uma piada e outra.

Sir Pratchett (ele recebeu o título da Ordem do Império Britânico em 1998 por sua colaboração para a literatura e o título de cavalheiro em 2007) é um dos autores mais lidos do Reino Unido (pra ser específico, o segundo mais lido) e o sétimo escritor não-americano mais lido nos EUA. Ele já vendeu mais de sessenta milhões de livros, em 37 idiomas diferentes.

Todos esses dados são legais, interessantes e tal (e facilmente adquiridas via Wikipédia), mas um detalhe torna Pratchett ainda mais genial: ele é o criador de Discworld.

O Disco, um mundo chato como uma pizza, que fica apoiado nas costas de quatro elefantes titânicos, que ficam nas costas de uma tartaruga gigantesca, é o cenário de histórias engraçadíssimas, que parodiam todos os elementos de literatura fantástica que se pode lembrar (e alguns de outros estilos também). O primeiro livro foi A Cor da Magia (The Colour of Magic, de 1983) e a série foi seguindo, seguindo e agora, ao todo são 38 livros, com mais um prometido para outubro deste ano. E isso se consideramos apenas os livros tidos “principais”, pois ainda existem outros livros paralelos, voltado para o público infantil,  ou de arte, ou descrevendo a geografia do Disco, ou de receitas…

Uma pequena amostra dos livros de Discworld...
e não é completa!
Além dos livros, Discworld já foi tema de adaptações para rádio, teatro, games para computador, RPG e filmes para televisão. Volta e meia aparecem notícias sobre essa ou aquela adaptação para cinema aparecem aqui e ali…

O cenário é tão vasto, e suas histórias tão diferentes que ainda vou dedicar mais postagens a ele. Por enquanto vamos ficar por aqui e falar mais do autor.

Pratchett não é apenas um escritor divertido, engraçado e hábil com as palavras (sem mencionar rápido!), mas é também uma pessoa com um enorme senso crítico, mostrando questões sérias de forma muito diversa do que estamos acostumados. Ou seja, usando humor, fantasia e personagens engraçados, ele nos faz refletir em assuntos que normalmente deixamos de lado na nossa rotina. Mesmo que seja apenas para vermos o ridículo de certas modas, atitudes, comportamentos, etc.

É curioso que um autor assumidamente cínico e pessimista quanto à humanidade possa escrever de forma tão engraçada e divertida, deixando sempre escapar uma mensagem com um pouco de otimismo e esperança.

E mesmo que ele não admita, esperança parece não ser apenas uma crença vazia para ele (novamente, por mais que ele diga não tê-la). No final de 2007, Pratchett anunciou que é portador de uma forma rara (e incurável) de Mal de Alzheimer, em seus estágios iniciais. Depois de seu anúncio, fez grandes colaborações para o Alzheimer's Research Trust (fundo britânico que patrocina pesquisa sobre a doença) e constantemente chama atenção do público para as diversas polêmicas envolvendo o tratamento.

Ele não se entregou ao autopiedade ou a perspectiva de que sua maior qualidade, sua mente, pode abandoná-lo em pouco tempo. Continua escrevendo sobre os diversos assuntos que gosta, participando das produções baseadas em suas obras e atuando na defesa da causas que escolheu.

Escritor de fantasia, fã de videogames, Astronomia e História Natural, defensor de orangotangos e de pesquisa sobre tratamento de Alzheimer, criador de um dos mundos mais bizarros da literatura, ter seu nome numa espécie pré-histórica de tartaruga... E ainda por cima, é amigo do Neil Gaiman!

E feliz aniversário (um pouco atrasado, ele completou 63 anos em 28 de abril deste ano).

Parabéns por tudo isso e muito obrigado, sir Terence David John Pratchett.
Pratchett por Paul Kidby, ilustrador
oficial da série Discworld 

P.S.: A editora Conrad lançou no Brasil vários livros desse excelentíssimo cavalheiro britânico, e todos são leitura recomendadíssima. Só da série Discworld foram doze livros, além de O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados e Os Pequenos Homens Livres.

Página oficial de Terry Pratchett: http://www.terrypratchett.co.uk
Página oficial de Paul Kidby e seus trabalhos para Discworld: http://www.paulkidby.com/
Página pessoal de Paul Kidby: http://www.paulkidby.net/


4 comentários:

  1. Saladino is baaaack, e com um ótimo texto sobre o Pratchett que eu me envergonho de dizer, só tive o prazer de ler quando escreveu Belas Maldições com o Gaiman.

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  2. Sou bem sincero em admitir minha ignorancia de que eu não sabia quase nenhum desses dados sobre o Terry.(na verdade so sabia sobre ele ser o autor do disco.)

    Boa esplanação sobre o autor, deu até vontade de procurar alguns livros dele para ler.(E Deus sabe como estou precisando variar minha leitura..)

    Entendo esse lançe de quererm um dia chegar ao patamar de alguem, bem, sonhos não são impossiveis, apenas precisan de muito esforço e um pouquinho de sorte(ou seriao o contrario? =])

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  3. É uma pena que ele foi diagnosticado com Alzheimer, ele é um dos meus autores favoritos também! :)

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  4. Terry Pratchett é, para mim, o melhor autor da atualidade. Eu simplesmente anseio ser como ele também. Não sei se é um objetivo alcançável, mas é um que persigo a todo custo.

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